Lúcio Henrique Monteiro Rödder e Aguiar nasceu em 26 de abril de 1958, no bairro do Sampaio, zona norte do Rio de Janeiro.  Passou a infância em Santa Teresa e já em 73, na adolescência, começou a fazer poesia alternativa. Participava de mostras de poesia e desenvolvia performances poéticas com Xico Chaves. Tinha um grupo denominado Telex e participava do Poemação, uma exposição que ocorreu no Museu de Artes Modernas, na qual Lúcio, com Xico Chaves, fazia intervenções.

Por volta de 1975, é fundado o Cineclube Santa Teresa, do qual Lúcio é um dos membros fundadores. O cineclube é inaugurado com uma proposta diferente do que se fazia na época em termos de cineclubismo, se distanciando da Carta de Curitiba. O cineclube Santa Teresa pretendia se destacar como polo cultural, mesclando várias atividades, além da exibição de filmes.

Desde 76, Lúcio Aguiar já faz parte da ABD, Associação Brasileira de Documentaristas, onde foi filiado até 1984. Em 77, se torna vice-presidente da Federação de Cineclubes do Estado do Rio de Janeiro permanecendo nela até maio de 1978. Em 78, por sua vez, depois de um processo que envolve principalmente Lúcio e Pel, é fundada a Corcina, Cooperativa dos Realizadores Cinematográficos Autônomos, na qual Lúcio exercia a função de secretário-geral.

Sua filmografia enquanto diretor, roteirista e/ou produtor engloba curtas, médias e longas, onde transitou pela ficção e pelo documentário, além de vídeos institucionais.  Em 1977, dirige o curta Cabuçu, um documentário que mostra o percurso do lixo da cidade até a Baixada e o seu caminho de volta. Em 1979, dirige A venda, curta sobre uma bancária que perde o emprego. No ano de 1981 faz dois trabalhos importantes: Ato delituoso impune, uma ficção sobre um ladrão de livros em ação, e Lygytymah dephezah, sobre amigos à beira do homicídio. Por este último, Lúcio recebeu o prêmio de melhor diretor em 35mm no I festival de Niterói e foi selecionado para o XII festival de Gramado. Em 1984, dirige dois documentários médias -metragem: Ignacio Rangel, sobre o precursor do planejamento econômico brasileiro, e Alzira Vargas, sobre Alzira Vargas do Amaral Peixoto. Lúcio fecha a década de 80 dirigindo Jurema em 85, curta sobre a líder comunitária do Andaraí Jurema Batista e Obra social, no mesmo ano, um vídeo institucional para a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social do Rio de Janeiro. Em 91, realiza Mal de Amor sobre uma briga de um casal de mendigos. Em 97, faz Che, outro vídeo institucional, desta vez exibido para todo o país durante o horário do TRE. Em 99, faz o longa Viagem ao redor da minha mesa, sobre o fim do milênio. Em 2000, faz o documentário Milênio e em 2004, co-dirige, com Vicente Duque Estrada, o curta documentário Tio Lino da Rocinha.

Como produtor executivo e co-roteirista, Lúcio assina as seguintes produções: Jackson do Pandeiro( 1978) de Francisco Ferraiolo, sobre o músico paraibano de mesmo nome; País do Carnaval( 1984/1994) de Nélio Ferreira, sobre as principais festas brasileiras; Escola Aberta(1997) de Marcelo Serra, um vídeo institucional para o SEBRAE-RJ e longa-metragem Improviso nº 1( 1998/2001) de Pompeu Aguiar. Com relação a produção executiva, , trabalha apenas  em Exu Piá, Coração Mágico de Macunaíma ( 1983), longa -metragem de Paulo Veríssimo. E, finalmente, como diretor de produção atua no média- metragem Bondinho de Santa Tereza(1977), dirigido por Orlando Bonfim Netto.

Alem disso, realizou diversas pesquisas para cinema, televisão e vídeo. Em 79, para Tocando na alma, documentário sobre o saxofonista cego Ribeiro; em 93, para Via Embratel, documentário com Cristovam Buarque; em 94, para a minissérie da TV Globo  Memorial de Maria Moura, adaptação da obra de Raquel de Queiroz; em 95 para o especial da TV Globo Memórias de um Sargento de Milícias; em 96 para a minissérie da TVE Zumbi dos Palmares, para o longa-metragem de Sérgio Rezende Guerra de Canudos e para o longa-metragem de Paulo Tiago Polycarpo Quaresma, Herói do Brasil; em 97, para A indomada, novela da TV Globo de Aguinaldo Silva; em 98, para O viajante , longa-metragem de Paulo César Saraceni e, por fim, em 99, para Um tiro no coração, mais um longa-metragem de Paulo Tiago.

Lúcio Aguiar também publicou quadrinhos tais como: Naum, censor nova censura, Rino Serra I e II, Naum Marajópolis, O vegetarianismo segundo Gandhi e A lei da Luz.

Juliana Moraes

Filmografia

. Cabuçu, documentário, curta-metragem, 16mm, 1977: o filme mostra o percurso do lixo da cidade até a Baixada e o seu caminho de volta.

. A Venda, ficção, curta-metragem, 35mm, 1979: mulher frente as vitrines do consumo procura emprego. A imobiliária, o banco, o dinheiro. Solidão na cama, na rua, no trabalho. O apartamento e a geladeira vazias. Independência de imagem e som, câmera expressionista, e uma música incidental surpreendente, dão a tonalidade do filme.

. Ato Delituoso Impune, ficção, curta-metragem, 35mm, 1981: 1. ponta preta: texto OFF especula sobre a possibilidade de oferecer alguma coisa que valha a pena ao público. 2. mar choca-se sobre as pedras: Paródia da paródia de Drummond – Chico: Paulo que amava Ana, que amava Luís… 3. Personagem de branco anda na urbe árida. Fala em OFF relata a relação do personagem com os livros, que não tem acesso e passa a roubar. Quando conta retrospectivamente uma história ela é mostrada: personagem sai da livraria e é seguido pelo vendedor que o faz pagar o livro roubado. Ele paga, mas o livro era dele: vitimado mais uma vez. Dos prédios de estatais na Chile aos Arcos da Lapa, a gente da rua.

. Legítima Defesa, ficção, curta-metragem, 35mm, 1981: realidade fragmenta-se para intelectual (a emblemática máquina de escrever) que escuta o povo, a mídia e os políticos, sentindo-se progressivamente ameaçado fisicamente pelo sistema, por sua solidão, por sua crise de compreensão e de fazer-se entender. Texto baseado em “A lua vem da Ásia” de Campos de Carvalho.

. Viagem ao redor de minha mesa, 1999, longa-metragem em Betacan.

Entrevista

Imprensa

Transcrição da entrevista

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